A importância de Paulo Freire para a filosofia da educação

Escrito por: Charles Quirino

 Paulo Freire
foto:http://pt.wikipedia.org

Através da história da educação podemos perceber que o ensino passou por um processo muito complexo até chegar à forma que conhecemos atualmente. Com relação ao Educador Paulo Freire, podemos mencionar que suas ideias filosóficos contribuíram muito para os dias atuais.
Antes de outros argumentos, apresentarei um pouco a respeito do filósofo brasileiro que escolhi. Seria ingenuidade de minha parte, falar de suas importantes contribuições à educação brasileira sem mencionarmos o autor de tais obras: Paulo Reglus Neves Freires, foi um professor brasileiro que muito contribuiu no combate ao analfabetismo, nasceu a 19 de setembro de 1921, na cidade de Recife, Estado de Pernambuco e faleceu em 02 de maio de 1997 aos 76 anos, vítima de enfarte.
 De família de classe média, teve que mudar-se para  a cidade Jaboatão, interior do Estado de Pernambuco. Por motivo de algumas dificuldades   enfrentadas começou a refletir sobre as mazelas sociais. Segundo ele, são muitas pessoas carentes no mundo, fato que julgava injusto à humanidade. Com isso, Freire lutou para ameniza, na vida das pessoas essas calamidades.
Em Recife recebeu um bolsa de estudo. Anos depois concluído e passou a lecionar no Colégio particular Oswaldo Cruz.  Terminou o curso de Direito e começou a preocupa-se com as questões educacionais. Casou-se com a professora Elza Maria Costa, e com essa teve 5 filhos.
Na década de 60 surgiram novas idéias sobre Educação que propunham a luta pela libertação do homem, e não apenas domesticá-lo ou instruí-lo. Freire aliou-se a vários grupos ligados à educação. Procurou lutar a favor da educação e com isso ganhou prestigio nacional. Ficando mais conhecido após publicar suas obras: Educação como Prática da liberdade, escreveu os artigos que depois formaram o Ação cultural para a liberdade, alem de escrever seu livro mais famoso Pedagogia do Oprimido, que se tornou mundialmente conhecido, e que hoje é uma obra clássica na educação e esta traduzida em mais de trinta idiomas.
O projeto político - pedagógico de Freire apoiou-se na construção de uma Escola pública e Democrática, surgindo daí os 04 objetivos buscados em toda sua gestão: Democratização da Gestão, Democratização do Acesso, Nova Qualidade de Ensino e Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos.

Desde o surgimento da humanidade a educação foi tida como uma preparação somente para passar informações, dessa forma os alunos eram apenas receptivos, pois estavam sempre a mercê dos interesses dos outros levando eles a serem seres alienados. Paulo Freire  muito contribuiu com reflexão crítica frente a educação.
Esta atitude de fé nas possibilidades de mudança, que mais tarde ele chamou de "otimismo crítico", tornou-se uma das marcas da sua pedagogia: indignação frente a realidade injusta, mas também luta pela sua transformação. Foi, portanto, na convivência com a pobreza que Paulo se preparou para o futuro compromisso com os oprimidos.
 Sua pedagogia é conhecida com “libertadora” suas idéias foram divulgadas em vários países, uma influência expressiva nos movimentos populares e sindicatos e, praticamente, se confunde com a maior parte das experiências do que se denomina “educação popular”. Embora as formulações teóricas de Paulo Freire se restrinjam à educação de adultos ou à educação popular em geral, muitos professores vêm tentando colocá-los em prática em todos os graus de ensino formal.
 Um dos livros de Paulo Freire “Pedagogia da Autonomia” nos deixa bem claro a importância e a valorização dos conhecimentos do educando a constante busca do educador pelo novo e ampliação constante da produção e reconstrução do saber do educando, assim como o forte desejo de vencer das diversas comunidades carentes isoladas nas mais divergentes ações sociais.
Segundo Paulo Freire “o professor deve ter uma prática coerente em tudo para só então saber que deve respeito a autonomia e a identidade do educando”. Talvez seja por isso que ele sempre mostrou-se um profissional comprometido com seus propósitos, que pensa na vida, nas relações humanas, nas lutas pelas transformações das sociedades. Ele tem é visto não apenas por  denunciar uma educação supostamente neutra, como de distinguir a pedagogia das classes oprimidas.
Nas escolas que temos hoje o professor precisa a todo custo fazer a criança adquirir a leitura e escrita, as vezes , são tantas metodologias aplicadas em vão, sem resultados. Nesse sentido, Freire contribui dizendo que os professores precisam saber que não basta despejar conteúdos, é preciso saber se o que estão ensinando se é realmente significativo para os alunos.
Segundo Paulo Freire, aprender a ler, a escrever, alfabetizar-se é, antes de tudo, aprender a ler o mundo, compreender o seu contexto, não numa manipulação mecânica de palavras, mas numa relação dinâmica que vincula linguagem e realidade.
A presença crescente das linguagens científicas no mundo contemporâneo causa uma necessidade ao professor, para que não pare no tempo, mas que esteja engajado nas mudanças, principalmente as científicas e tecnológicas que, são como se estivesse seguindo uma nova língua no cotidiano dos alunos. Então, será que o professor da rede pública de ensino está preparado para essa nova modalidade de ensino? É necessário que a aprendizagem seja um fenômeno natural, o professor pode provocar interesse pessoal do aluno pela leitura e escrita.
Finalmente, a prática de ler seriamente textos, termina nos ajudando com a leitura. Enquanto estudo, é um processo amplo, exige de tempo, de paciência, de sensibilidade, de método, de rigor, de decisão e de paixão de conhecer. (PAULO FREIRE, Pedagogia da Esperança, 2002, p. 77).
Em alguns casos é preciso fazer uma boa propaganda no incentivo a prática de leitura, pois, nem sempre é prazeroso, é importante ter essa consciência mais necessária para a formação intelectual. Não existiriam novas idéias e conceitos sem antes estar preparado para tal conceito. Todo professor está basicamente pronto para enfrentar qualquer desafio, isso se submete a qualquer educador, independente da área que atua.
Concluindo, podemos compreender que as contribuições do filósofo da educação: Paulo Freire, foram muito significativas a educação recente. Dessa forma, o educador deve querer bem aos educandos e a própria prática educativa.   Paulo Freire relata propostas de práticas pedagógicas necessárias a educação como forma de proporcionar a autonomia de ser dos educandos respeitando sua cultura, seu conhecimento empírico e sua maneira de entender o mundo que o cerca.
     
Referências bibliográficas

ALFABETIZADORES, Programa de Formação de Professores. São Paulo-SP. Ministério da Educação, 2001.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. (Coleção leitura)

FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler. São Paulo: Cortez, 1982.
UNIVERSAL, Enciclopédia Delta. Vol 5, Editora Delta S/A. Rio de Janeiro – Brasil, 2002.

Foto retirada do site: aliceinside.wordpress.com

Nossa proposta de estudo é baseada no método Paulo Freire. A proposta de Freire parte do estudo da realidade que é a fala do educando, e a organização do dado que é a fala do educador. Nesse processo surge os Temas Geradores, extraídos da problematização da prática de vida dos educandos. Os conteúdos de ensino são resultados de uma metodologia dialógica. Cada pessoa, cada grupo envolvido na ação pedagógica dispõe em si próprio, ainda que de forma rudimentar, dos conteúdos necessários dos quais se parte. O importante não é transmitir conteúdos específicos, mas despertar uma nova forma de relação com a experiência vivida. A transmissão de conteúdos estruturados fora do contexto social do educando é considerada “invasão cultural” ou “depósito de informações” porque não emerge do saber popular.

Portanto, antes de qualquer coisa, é preciso conhecer o aluno. Conhecê-lo enquanto indivíduo inserido num contexto social de onde deverá sair o “conteúdo” a ser trabalhado.
Assim sendo, não se admite uma prática metodológica com um programa previamente estruturado assim como qualquer tipo de exercícios mecânicos para verificação da aprendizagem, formas essas próprias da “educação bancária”, onde o saber do professor é depositado no aluno, práticas essas domesticadoras. (Barreto,s.d.p.4) O relacionamento educador-educando nessa perspectiva se estabelece na horizontalidade onde juntos se posicionam como sujeitos do ato do conhecimento. Elimina-se portanto toda relação de autoridade uma vez que essa prática inviabiliza o trabalho de criticidade e conscientização.
Segundo Freire o ato educativo deve ser sempre um ato de recriação, de re-significação de significados. O Método Paulo Freire tem como fio condutor a alfabetização visando á libertação. Essa libertação não se dá somente no campo cognitivo mas acontece essencialmente nos campos social e político.
O que existe de mais atual e inovador no Método Paulo Freire é a indissociação da construção dos processos de aprendizagem da leitura e da escrita do processo de politização. O Alfabetizando é desafiado a refletir sobre seu papel na sociedade enquanto aprende a escrever a palavra sociedade; é desafiado a repensar a sua história.
Essa reflexão tem por objetivo promover a superação da consciência ingênua – também conhecida como consciência mágica – para consciência crítica.
A proposta de utilização dessa metodologia na alfabetização de jovens e adultos é completamente inovadora e diferente das técnicas utilizadas, resultada de adaptações simplistas das cartilhas, com forte tônica infantilizante. É diferente por possibilitar uma aprendizagem libertadora, não mecânica, mas uma aprendizagem que requer uma tomada de posição frente aos problemas que vivemos. Uma aprendizagem integradora, abrangente, não compartimentalizada, não fragmentada, com forte teor ideológico. Dessa forma, o Método proposto por Freire rompe com a concepção utilitária do ato educativo propondo uma outra forma de alfabetizar. Porém, vale ressaltar que é importante a necessidade de recriação constante em toda e qualquer prática educativa, inclusive no método em questão.


Orientação Pedagógica
Ponto gerador-mediador: Pesquisar em busca de palavras geradoras do trabalho de alfabetização.
Ponto temático: O aluno e seu universo.
Concentração da aula: Oralidade para desinibição e levantamento do universo vocabular do educando.

Professor(a), apresentamos uma possível seqüência de aula. Possível pelo fato de que, no nosso trabalho, tudo deve partir do aluno, o professor é apenas o mediador.
Quem vem à sala de aula da Educação de Jovens e Adultos está aceitando ser alfabetizado e tem em torno dele todo um universo vocabular a ser explorado, e é esta pesquisa que queremos que você faça com os alunos, buscando extrair deles os vocábulos que estão no universo lingüístico ao qual pertencem. As palavras que eles forem falando deverão ser escritas na lousa e em cartazes ( fixar na parede) ou em pequenos cartões, e deve-lhes ser solicitado que escolham 16 palavras entre as dezenas ou centenas de palavras que surgirem. Escolha com eles 16 palavras para serem exploradas nas fichas que poderão ser formuladas no caderno ou em folhas de ofício, para que nessas fichas possam ser estudadas as sílabas dessas palavras sem assoletramento, mas com o pronunciamento delas, o que já será um início de identificação dos sons das letras, segundo Carlos Brandão, “um universo de fala da cultura da gente do lugar, que deve ser investigado, pesquisado, levantado e descoberto.”
Por isso professor(a), pesquise mesmo pra valer. Pergunte muito sobre situações que possam ser respondidas pelos seus alunos para que se formem na lousa vários campos semânticos de palavras. Palavras estas que servirão de subsídios para o trabalho de alfabetização, de modo que o aluno estará construindo seu mundo e se alfabetizando com a ajuda do professor, que é um mediador. Pergunte a eles sobre a vida, sobre o trabalho. Peça que contem acontecimentos. Indague sobre assuntos diversos que os levem a compreender o mundo, sem que você direcione as opiniões, tomando o cuidado para que eles falem sempre, que tudo parta deles.
“Trata-se de uma pesquisa simples que tem como objetivo imediato à obtenção dos vocábulos mais usados pela população a se alfabetizar”. Percebeu como essa pesquisa pode ser feitas com os alunos? As palavras servirão para descobrirmos os TEMAS GERADORES DAS AULAS, ou seja, os assuntos a serem discutidos em sala de aula. As 16 palavras escolhidas no final de muito debate (conversa) servirão de PALAVRAS GERADORAS de atividades escritas. As idéias são as palavras, as frases, ou mesmo desenhos feitos por eles em folhas ou em cartolinas e escritas e/ou desenhadas na lousa ou coladas. Devem ser lidas para a turma.

Paulo Freire pensou que um método de educação construído em cima de ideias de um diálogo entre educador e educando, onde há sempre partes de cada um no outro, não poderia começar com o educador trazendo pronto, do seu mundo, do seu saber, o seu método e o material da fala dele.” Carlos Brandão

Sugestão de Atividade:

Obs:
A palavra abaixo fez parte do universo vocabular dos meus alunos, vocês terão outras realidade, esta é apenas um exmplo.

A palavra selecionada foi VIDA.

1.
CONVERSE COM SEU PROFESSOR SOBRE O SIGNIFICADO DA PALAVRA

VI DA



2. PESQUISE EM REVISTAS OU JORNAIS AS LETRAS DA PALAVRA VIDA E COLE ABAIXO:


V

I

D

A



3.Agora desenhe ou cole uma foto que possa representar o significado desta palavra para você:

Depois desta dinâmica o professor pode explorar as atividades de alfabetizar trabalhando as sílabas da palavra V I D A:


Por exemplo, a palavra VIDA.
Esta palavra deve ser pronunciada pelo professor, que buscará mostrar aos alunos que ela pode ser dividida em pedaços. A palavra em questão será pronunciada pela turma em coro e individualmente. O professor então deve pronunciar as famílias silábicas que podem ser obtidas (VA,VE,VI,VO,VU) e (DA,DE,DI,DO,DU), sem o aluno olhar para forma escrita. Agora, deve escrevê-las na lousa, conforme mostra no quadro. Deve buscar com os alunos a diferença em cada sílaba, que são as vogais, apresentando-as em forma de coluna. Escrita na lousa, o (a) professor(a) lerá uma a uma com os alunos. Solicitará que eles escrevam no caderno.

IMPORTANTE: se o aluno for reconhecendo as semelhanças sonoras entre a palavra geradora ou em outra palavra, você pode ir apresentando cada nova situação para a turma, sabendo que se trata de um avanço do aluno e por isso, faça elogios.As palavras geradora deverão ser desdobradas em seus fonemas e sílaba – em pedaços.Ex: “Olha aí gente, uma casa não tem as suas partes: quarto, cozinha,sala...? Tudo no mundo não tem seus pedaços?Pois é uma palavra também tem. Tão vendo?”Carlos Brandão

Ex:

Ao juntarmos a letra V e D com as vogais A-E-I-O-U, teremos novas sílabas. Veja:



V -VA – VE – VI – VO - VU

I

D - DA –DE –DI – DO - DU

A

2. A PALAVRA VIDA SERÁ NOSSO TEMA. ESSA PALAVRA COMEÇA COM A LETRA _______



PROCURE EM REVISTAS OU JORNAIS PALAVRAS QUE COMECEM COM AS SÍLABAS ABAIXO E COLE NO QUADRO:

VA –

____________________________

VE –

____________________________
VI –

____________________________

VO –

____________________________
VU -
____________________________


Professor (a), aqui você poderá criar inúmeras atividades com letras e sílabas, não esquecendo que depois precisa trabalhar com a sílaba DA. O objetivo é escolher uma palavra do universo vocabular do aluno e explorar seu significado para os mesmos.

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