Saúde
com Maria Rita Michalski

Iniciamos hoje, uma caminhada por vários aspectos da CURA. Em uma linguagem acessível, para que os interessados possam conhecer melhor das opções e possibilidades regionais.
Vamos descobrir um pouquinho do que é homeopatia `num texto que foi publicado no jornal CORREIO LAGEANO na década de 90 em que eu escrevia semanalmente e neste texto com auxilio do Dr. Fernando Pagliosa.

HOMEOPATIA E CIÊNCIA
A Homeopatia é uma ciência médica com mais de 200 anos. Sistematizada por Samuel Hahnemann a partir de 1790, na Alemanha, propagou-se rapidamente pela Europa, e depois pelo resto do mundo, mercê dos resultados extraordinários que produzia, comparados aos da medicina oficial da época.
Proporcional ao seu sucesso perante a população, entretanto, foi a resistência enfrentada pela Homeopatia no meio médico e científico de então. Os combatentes mais implacáveis foram os boticários, os farmacêuticos daqueles tempos, pois a Homeopatia modificava significativamente a sua prática e, principalmente, atingia seus ganhos, até porque Hahnemann propunha que a pessoa mais indicada para preparar o medicamento era o próprio médico.
Perseguido, Hahnemann peregrinou por muitas cidades. Caluniado, achacado, passou por imensas dificuldades, ele e sua família, até ver seu mérito reconhecido.
Mais importante, contudo, do que relatar as dificuldades enfrentadas por seu fundador, talvez seja tentar compreender porque a Homeopatia enfrentou tanta resistência. Poderemos perceber que as questões básicas permanecem até nossos dias. E não dizem respeito, evidentemente, só à Homeopatia.
Baseada em princípios e regras que não eram as oficiais, embora admitida pelos grandes médicos da antigüidade, como Paracelso e até Galeno; com uma concepção de saúde/doença, portanto de vida ou, mesmo, de mundo, diversa da prevalente; com uma escala de valoração e mensuração dos seus resultados não compatível com os instrumentos disponíveis e considerados válidos, podia facilmente ser acusada de “não científica”.
A visão mecanicista, newtoniana da realidade e, por conseqüência, da própria ciência, predominante , impôs um modelo científico que admitia como verdadeiro apenas aquilo que pudesse ser medido, mensurado, comprovado materialmente. Um modelo extremamente reducionista.
Ora, a Homeopatia, com suas doses imponderais, suas diluições infinitesimais, sua concepção de que a origem primeira das doenças é endógena, a valorização dos distúrbios mentais/emocionais como desencadeantes de processos patológicos (muito antes de Freud e da medicina psicossomática), enfim sua maneira de entender o mundo e a própria vida, não se coadunava com a visão científica da época.
Epur, se mueve.” Apesar de tudo, a Homeopatia sobreviveu. Sobreviveu graças a alguns profissionais corajosos e abnegados. Sobreviveu, sobretudo e fundamentalmente, porque os seus resultados na clínica são inquestionáveis. Não fosse assim os homeopatas não teríamos pacientes. E a Homeopatia teria desaparecido, fosse ela uma quimera.
Mas, no meio científico, a situação é diferente hoje?
Sim e não.
Não. Porque continuamos presos ao arcabouço de pensamento criado pela ciência do início do século passado. As premissas, as teorias, os “modelos mentais” que utilizamos para ver a realidade ainda são, fundamentalmente, os mesmos. A visão mecanicista, darwinista, fragmentada da realidade ainda balisa a maioria da produção considerada cientificamente válida. Tudo o que não se encaixa no nosso modelo tradicional de pensamento é julgado como “estranho”, “esquisito”, “não faz sentido”, “não científico”.
Sim. Porque a ciência está mudando. Outro modo de entender o mundo, e a vida, está surgindo.
Novas teorias sobre a evolução e organização dos sistemas vivos, tem implicações filosóficas e sociais extraordinárias. Nas fronteiras do pensamento científico, social e filosófico, descobertas recentes fazem surgir uma nova linguagem da ciência, voltada para o entendimento e compreensão dos sistemas vivos, altamente complexos e integrativos. A constatação, pela ciência, dos interrelacionamentos e interdependências entre fenômenos físicos, biológicos, psicológicos, sociais e culturais permitem uma nova visão unificada de mente, matéria e vida.
Se, por um lado, o modelo mecanicista possibilitou um desenvolvimento técnico extraordinário da humanidade, por outro, é inegável que, dados os avanços recentes do conhecimento, ele já não dá conta deste novo entendimento dos fenômenos da vida.
Precisamos atualizar nossos referenciais, mudar nossa maneira de pensar, abrir mão do modelo de pensamento tradicional, buscar uma nova maneira de perceber o mundo em que vivemos e a própria vida. Este não é um processo fácil e nem rápido para a grande maioria das pessoas. Mas é imprescindível e inevitável. Como atualizar nossa forma de pensar e enxergar o mundo com base nesses novos conhecimentos que a ciência do limiar do século XXI está trazendo à tona é o grande desafio.
Das explicações das propriedades de organismos, sistemas sociais e ecossistemas surge um novo paradigma, integrado e integrador, interdependente, interdisciplinar, ecológico. A realidade surge muito mais complexa, mais sistêmica. Ela ultrapassa os nossos cinco sentidos, podendo ser invisível, inaudível, intocável. O intangível da vida.
Nesse novo modelo de ciência, tão mais abrangente e fascinante, a Homeopatia se encaixa com perfeição.

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