ENTRANDO EM CRISE

Por definição, uma crise é um acontecimento existencial fora do comum e que desafia os padrões normais de comportamento ou pensamento de uma pessoa.
Uma crise tira o indivíduo de seu equilíbrio normal, desafiando-o para novas soluções criativas, novos comportamentos ou, caso isto não seja possível, um declínio emocional, físico e mental. São exemplos de situações de crise: Morte de um parente ou amigo (a); Separação conjugal ou quebra de relação afetiva; Catástrofes naturais ou geradas pelo homem - inundações, terremotos, guerras, deslizamentos de terra, etc.; Desemprego, miséria, perda de bens materiais; Estupros, violências, ameaças à integridade física da pessoa; Rejeição ou execração pública, escândalos envolvendo o nome da pessoa. Estes são apenas alguns exemplos de situações de crise mais intensas que alguém pode viver.
Entretanto, no nível pessoal, sempre poderá haver pequenas crises quando os padrões de vida normal, crenças ou valores fundamentais de um indivíduo forem quebrados. Um exemplo de uma destas situações menores é quando alguém tímido é desafiado a falar em público - imediatamente seu corpo lhe envia sinais de estresse, indicando que já não se senta mais seguro, que está para entrar em “território desconhecido”. Aliás, o não conhecido, o não repertoriado, não dominado, constitui para muitos uma situação de crise, onde eles irão ser desafiados a mudar seus pensamentos e padrões comportamentais usuais. 
Os resultantes das crises podem ser duas naturezas: Aprendizado e superação das dificuldades geradas pelo evento. Neste caso, o indivíduo cresce, evolui e alcança um nível superior de integração e tranqüilidade. É o chamado estresse positivo ou bom, pois permitiu um amadurecimento da criatura. Declínio, decadência, degradação e doenças ( físicas, mentais, emocionais, etc.) É quando o indivíduo em crise) não soube ou pôde ultrapassar o evento gerador do desequilíbrio. Isto acontece porque a pessoa não tem recursos para enfrentar a situação ou porque aquela é de nível catastrófico. Muitas das chamadas doenças psicossomática - úlcera, hipertensão, diabetes, infarto, asma, colites, enxaquecas, etc., começam ou se mantém em períodos de crise. Assim, no tratamento de tais doenças muitas vezes torna-se necessário levar em consideração o estado emocional e existencial do paciente para promover uma terapêutica mais completa. 
Outra dedução geral tirada das vivências com pessoas em crise é que a mesma sempre depende de um nível pessoal de interpretação da vítima. Todo e qualquer evento só repercussões pessoais após ter sido interpretado, analisando ou julgando pelo indivíduo. Mesmo os eventos mais terríveis são vivenciados de maneira diferente por cidadão distintos, justamente pela percepção diversa que os mesmos irão viver. Portanto, se formos assistir alguém em crise, quais seriam as recomendações iniciais que poderiam ser feitas?Prestar os cuidados físicos que ela precise, por exemplo, assistência médica; Colocar-se numa posição de disponibilidade, de escuta afetiva e de apoio da vítima; Permitir a catarse, reação ou expressão emocional da pessoa. Por exemplo, se ela precisa chorar, esbravejar ou reclamar; Ajudar a aumentar o nível de recursos pessoais que o indivíduo tem para lidar com a situação. 
A ampliação da consciência, compreensão e resolução, a questão do sentido e da aceitação do fato são aqui de importância primordial; Após os efeitos iniciais do choque terem sido superados, é importante que seja mantido o sistema de apoio e o aprendizado de recursos. Com o decorrer do tempo, se o indivíduo souber aproveitar a situação, sua vida poderá ser reconstruída em novas bases. A pessoa então poderá tornar-se mais experiente, mais vivida, mais bem estruturada. Tendo perdido algo que a situação de emergência tirou-lhe, ganhou talvez outra coisa mais preciosa, que é uma compreensão e experiência existencial só sua. 
Se considerarmos a vida como uma grande escola de aprendizado, onde somos os alunos, cada acontecimento poderá ser encarado como uma experiência positiva para proporcionar-nos mais crescimento e maturidade. 
              O objetivo final é o de superarmos todos estes eventos e nos tornarmos mais sábios e melhores.

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